A tecnologia tem desempenhado um papel importante na melhoria da acessibilidade física e da mobilidade disponibilizando soluções ao serviço dos cidadãos, incluindo aqueles que apresentam necessidades especiais. A utilização de dispositivos como cadeiras de rodas elétricas controladas por computador e aplicações móveis que fornecem informações sobre acessibilidade em edifícios e transportes públicos permite que pessoas com mobilidade reduzida tenham uma maior autonomia e facilidade de deslocação.
A Internet e os dispositivos eletrónicos tornaram-se também ferramentas essenciais para a comunicação e o acesso a informações, permitindo que as pessoas com necessidades especiais acedam a serviços governamentais, educação e empregos de uma forma que antes era inimaginável. Por exemplo, a criação de websites e aplicações móveis acessíveis, com funcionalidades como leitores de ecrã, legendas e interfaces de voz, possibilita que pessoas com deficiências visuais, auditivas ou motoras utilizem essas ferramentas de forma eficaz.
No setor da saúde, a telemedicina e a teleassistência têm-se expandido, permitindo que pessoas com necessidades especiais recebam cuidados médicos e de saúde mental à distância, reduzindo a necessidade de deslocações físicas que podem ser difíceis para alguns pacientes.
A educação também tem beneficiado das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), com a disponibilização de recursos educativos digitais acessíveis a todos os alunos, independentemente das suas necessidades especiais.
Para reconhecer o trabalho desenvolvido nesta área muitas vezes esquecida, a Altice criou a categoria ‘Inclui’ no Altice International Innovation Award (AIIA) com um prémio de 20.000 euros.
Para reconhecer o trabalho desenvolvido nesta área muitas vezes esquecida, a Altice criou a categoria ‘Inclui’ no Altice International Innovation Award (AIIA) com um prémio de 20.000 euros. Esta categoria reconhece e valoriza projetos inovadores que se destacam pela sua contribuição para a inclusão social e digital. O objetivo é promover e premiar iniciativas que utilizem a tecnologia de forma criativa e eficaz para melhorar a qualidade de vida e a participação na sociedade de grupos com necessidades especiais, grupos que possam estar em situações de desvantagem ou que enfrentem barreiras de acesso à tecnologia.
Os três finalistas da edição de 2022 da categoria ‘Inclui’ do prémio AIIA foram a Dreamwaves, a seamlessCARE Empathic e a Zoomguide.
Orientar pessoas com deficiência visual
A Dreamwaves é uma solução de navegação baseada em Realidade Aumentada Sonora destinada a ajudar utilizadores com deficiências visuais, ciclistas e motociclistas. A missão da empresa é tornar a navegação fácil para todos, através de uma aplicação que funciona num smartphone. Para utilizar esta app o utilizador precisa usar auscultadores para ouvir os pontos de referência.
A app waveout possui um áudio espacial que simula a forma como as pessoas naturalmente percebem a localização dos sons. Quando um telefone toca ou um amigo chama, imediatamente viramos a cabeça. O áudio espacial faz o mesmo. A Dreamwaves usa esta tecnologia para ajudar o utilizador a encontrar o próximo ponto de referência da forma mais fácil.
As candidaturas à edição de 2023 do AIIA estão abertas até 24 de setembro.
No discurso de apresentação da app no AIIA, Hugo Furtado, CEO da Dreamwaves, mencionou que tiveram um período de três anos de trabalho árduo, tendo em vista o desafio de auxiliar pessoas cegas. A app fornece o exemplo de um indivíduo cego que encontra dificuldades para navegar durante as horas de maior movimento, muitas vezes colidindo com obstáculos e perdendo a orientação do percurso. Esta aplicação pode ser utilizada em qualquer dispositivo e contou com a colaboração de aproximadamente 120 pessoas com deficiência visual, a fim de criar uma experiência de som espacial com pistas sonoras, facilitando a locomoção de ponto a ponto até ao destino desejado.
Trata-se de um método de navegação inovador que beneficia mais de 250 milhões de pessoas com deficiência visual em todo o mundo, sendo que 20 milhões residem na Europa. Além destas pessoas, ciclistas, utilizadores de trotinetes e outros podem aproveitar a aplicação para melhor se orientarem na cidade. Esta app foi a vencedora da edição de 2022 da categoria ‘Inclui’ dos AIIA.
Interpretar a vocalização e prever a emoção de que não fala
Outro finalista da categoria ‘Inclui’ foi a aplicação seamlessCARE Empathic que visa, através de inteligência artificial, interpretar a vocalização e prever a emoção de muitas pessoas não-verbais têm deficiências intelectuais ou físicas graves que as impedem de utilizar outras tecnologias para comunicar. Tudo começou quando o marido de Aviva Cohen, a CEO desta startup irlandesa, sofreu um ataque cardíaco que acabou por reduzir a sua capacidade de comunicar.
Para utilizar a aplicação Empathic, basta gravar a pessoa não-verbal durante 10 segundos. A inteligência artificial interpreta essa vocalização e prevê a emoção que está a expressar. Na maioria das famílias e em ambientes com cuidadores, existe alguém que compreende a pessoa não-verbal, mas pode ser difícil para todos os restantes saberem como essa pessoa se sente. A incapacidade de comunicar pode levar a estados de espírito negativos e frustração que podem resultar em comportamentos desafiadores. Uma situação que pode incluir agressões a cuidadores, membros da família, autolesões e quedas.
A irlandesa Empathic, colaborou com prestadores de cuidados em residências, cuidados domiciliares, lares de idosos e centros de reabilitação. A maioria dos participantes nos testes constatou que o uso do Empathic resultou num estado de espírito elevado e em menos comportamentos desafiadores. Foram relatadas menos lesões dos funcionários, maior segurança e uma redução nas quedas e autolesões dos utilizadores do serviço. A retenção de funcionários melhorou durante os nossos períodos de teste, que variaram de três meses a dois anos.
Projetos inclusivos que se podem candidatar ao AIIA
Inclusão digital: Projetos que visam ensinar competências digitais a pessoas que não têm acesso ou conhecimento prévio em tecnologia, permitindo participar plenamente na sociedade digital.
Acessibilidade: Inovações que tornam a tecnologia mais acessível para pessoas com deficiências, tornando dispositivos, software e serviços mais utilizáveis e funcionais.
Educação inclusiva: Projetos que promovem a inclusão de estudantes com necessidades especiais nas escolas e universidades, utilizando a tecnologia como ferramenta de apoio à aprendizagem.
Saúde e bem-estar: Soluções tecnológicas que melhoram o acesso a cuidados de saúde e serviços de assistência para pessoas em situações de vulnerabilidade.
Inclusão social: Iniciativas que promovem a inclusão de grupos marginalizados, como refugiados, idosos, pessoas em situação de sem-abrigo, entre outros, na sociedade através da tecnologia.
Câmara fotográfica como guia informação
O terceiro e último finalista foi a Zoomguide, uma inovadora solução de Inteligência Artificial que apresenta um guia capaz de reconhecer o ambiente e fornecer conteúdos personalizados a cada utilizador, tornando a descoberta das cidades e do seu património cultural interativa e inclusiva.
Esta proposta representa uma alternativa à necessidade de múltiplas aplicações para diferentes locais históricos. A Zoomguide utiliza a câmara fotográfica para realizar o reconhecimento, disponibilizando ferramentas aos seus parceiros para oferecer a informação necessária ao público. O objetivo é ser a opção mais acessível, abrangendo conteúdos destinados a crianças e a pessoas com deficiência auditiva e visual, facilitando a navegação pelos locais e a absorção da riqueza cultural que têm para oferecer. A aplicação emprega um avançado sistema de reconhecimento do ambiente, fazendo uso de um sistema de posicionamento visual interior que fornece informações em formato áudio. A posição dos utilizadores é automaticamente identificada por meio da análise de um fluxo de vídeo, permitindo, por exemplo, a descrição dos arredores para utilizadores com deficiência visual. A Zoomguide estabeleceu parcerias estratégicas com os municípios de Aveiro, Porto e Lisboa, além de já ter implementado um programa de testes nos parques de Sintra.